quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

cadeado, senha alfa

"Tenho pensado muito ultimamente. Especialmente porque estou tentando me adaptar à nova vida que escolhi pra mim. E essa nova vida se chama: minha vida é um livro fechado. Com cadeado. E protegido por senha alfa e código de segurança máxima. Não está sendo fácil. Até mesmo porque sempre fui muito transparente. Mas, agora, parei de contar minha vida e pedir conselhos. Não me interessam mais. Da minha vida, sei eu. Porque, se no final, der tudo errado, quem tem que arcar com o estrago sou eu mesma."

saber

Volto pra cama. Coração disparado. Não tem posição na cama. O que eu faço? Não tô a fim de ler, não tô a fim de ver TV. nem filme. Aquelas outras coisas que se faz pra acalmar tô com preguiça agora. (...)
O que eu nunca vou saber é porque faço tudo isso comigo só porque tenho tanto medo do tédio. Era só isso o que eu precisava saber.

!

 A gente passa o dia chorando, a noite chorando,
pega no sono chorando,
dorme chorando,
acorda chorando..
Mas, amanhã o dia comeca de novo, e se tiver que repetir isso por vários e vários outros dias,
que se repita.
Mas quando esquecer,
esqueca de verdade!

continuar andando

'(...) Porque para viver de verdade a gente tem que quebrar a cara. Tem que tentar e não conseguir. Achar que vai dar e ver que não deu. Querer muito e não alcançar. Ter e perder. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e dizer uma coisa terrível, mas que tem que ser dita. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e ouvir uma coisa terrível, mas que tem que ser ouvida. A vida é incontornável. A gente perde, leva porrada, é passado pra trás, cai. Dói, ai. Eu sei como dói. Mas passa. Tá vendo a felicidade ali na frente? Não, vc não tá vendo, porque tem uma montanha de dor na frente. Continue andando. Vc vai subir, vai sentir frio lá em cima, cansaço. Vai querer desistir, mas não vai desistir porque vc é forte e porque depois do topo a montanha começa a diminuir e o único jeito de deixá-la pra trás é continuar andando. Vc vai ser feliz. Tá vendo essa dor que agora samba no seu peito de salto agulha? Vc ainda vai olhá-la e rir da cara dela. "

(Antônio Prata)

palavras

Amor é tudo o que eu sinto
Arrependimento é uma inútil vontade de pedir ao tempo para voltar atrás
Belo é tudo que faz os olhos pensarem ser coração
Carnaval, esta oportunidade praticamente obrigatória de ser feliz com data marcada
Desculpas, é uma palavra que pretende ser beijo
Desejo é algo que sentimos e sem motivos aparente se torna real
Efêmero é quando o eterno passa logo
Escuridão é o resto da noite, se alguém recortar as estrelas
é toda certeza que dispensa provas
Gente: carne, osso, alma e sentimento, tudo isso ao mesmo tempo
História: quando todas as palavras do dicionário ficam à disposição de quem
quiser contar qualquer coisa que tenha acontecido ou sido inventada
Idade, aquilo que você tem certeza que vai ganhar de aniversário, queira ou não queira
Janela por onde entra tudo que é lá fora
, onde a gente fica pensando se está melhor do que aqui
Lágrima, sumo que sai pelos olhos quando se espreme um coração
Loucura, coisa que quem não tem só pode ser completamente louco
Madrugada, quando vivem os sonhos
Noiva, moça que geralmente usa branco por fora e vermelho por dentro
Óbvio, não precisa explicar
Pecado, algo que os homens inventaram e então inventaram que foi Deus que inventou
Paixão é aquele fogo que sentimos quando estamos..
Q, tudo que tem um não sei quê de não sei quê
Rebolar, o que se tem que fazer para chegar lá
Segredo, aquilo que você está louco para contar
Talvez, resposta pior que ¨não¨, uma vez que ainda deixa, meio bamba, uma esperança
Tanto, um muito que até ficou tonto
Último, que anuncia o começo de outra coisa
Único: tudo que, pela facilidade de virar nenhum, pede cuidado
Vazio, um termo injusto com a palavra nada
Xingamento é uma palavra ou frase destinada a acabar com a alegria de alguém
Zíper, fecho que precisa de um bom motivo para ser aberto.

é assim que se ganha

"Ninguém vai bater mais forte que a vida. Não importa o quanto você bate e sim o quanto aguenta apanhar e continuar lutando, o quanto pode suportar e seguir em frente, é assim que se ganha"

Sylvester Stalone

Pois é

"Ah, mas tudo bem. Em seguida todo mundo se acostuma.
As pessoas esquecem umas das outra com tanta facilidade.
Como é mesmo que minha mãe dizia?
Quem não é visto não é lembrado.
Longe dos olhos, longe do coração. Pois é."


(Caio Fernando Abreu)

:(

tão assim...
sei la...
sem saber o que é isso...

sábado, 5 de fevereiro de 2011

te cuida bem


E te cuida, por favor, te cuida bem. Não é porque estás longe que não te quero bem.
(Caio Fernando Abreu)

quero paz


Estou cada vez mais bossa-nova, espiritualmente sentado num banquinho, com o violão no colo.
Deus, como eu quero paz.
(Caio Fernando Abreu)

estranha e secreta harmonia


Como se houvesse entre aqueles dois, uma estranha e secreta harmonia.
(Caio Fernando Abreu)

Abri a porta

Veio sem falar nada, sem me mostrar nada, sem hora marcada.
Veio só pra ver e acabou ficando.
Abri a porta e falei:
- Pode entrar. Mas vem querendo ser feliz
(Vanessa Leonardi)

O tempo

Eu acredito. Acredito no tempo. O tempo é nosso amigo, nosso aliado, não o inimigo que traz as rugas e a morte. O tempo é que mostra o que realmente valeu a pena, o tempo nos ensina a esperar, o tempo apaga o efêmero e acaba com a dúvida.
(Caio Fernando Abreu)

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Ah, o frio...

Lareira, taças de vinho, pizza, cobertor, dormir de conchinha, edredon, conversas aos pé do ouvido, abraços para esquentar, luvas, touca, brigadeiro de colher, chocolate quente, quentão, pinhão, founde, lasanha, beijos e carinhos sem ter fim...


Ah, o frio...

f r r r i i i o

noite de chuva

A chuva cai triste na noite fria
Executando uma profunda sonata
Suas gotas riscando a negra imensidão
A neblina baixa lenta e sorrateiramente
- qual cortina transparente -
E o mundo então é preto e branco...

A chuva cai triste na noite fria...
Cai fria na noite triste

precipício

Entre sobreviver e viver há um precipício, e poucos encaram o salto.
(Martha Medeiros)

(Vai, vai, vai... viver)

"...lembrando que a gente perde muito tempo se anunciando, dizendo que faz e acontece, quando na verdade tudo o que precisamos, ora, é viver. Pois é. Mas, detalhe: não vive quem se economiza, quem quer felicidade parcelada em 24 vezes sem juros. Aliás, ser feliz nem está em pauta. O que está em pauta é a busca, a caça incessante ao que nos é essencial: ter paixões e ter amigos. O grande patrimônio de qualquer ser humano, quer ele perceba isso ou não.
Pra acumular esses bens, Vinicius seguia um ritual: zerava-se. Começava e terminava um casamento.Começava e terminava outro. Começava e terminava uma vida em Paris, uma temporada em Salvador.Renovava seus votos a cada dia. Se já não se sentia inteiro num amor ou num projeto, simples: ponto final.Tudo isso, diga-se, a um custo emocional altíssimo. O simples nunca foi fácil, muito menos para quem possui um coração no lugar onde tantos possuem uma pedra de gelo. As pedras de gelo de Vinicius estavam onde tinham que estar, no seu cachorro engarrafado, e só. O resto era tudo quente."

(Obrigada por insistir)

"...Eu não sabia que amava tanto você e que havia lhe dado boas pistas sobre isso, como é que você soube antes de mim?"
(Da crônica, Obrigada por insistir, Doidas e Santas de Martha Medeiros)

"Toda mulher é doida...

"Toda mulher é doida. Impossível não ser. A gente nasce com um dispositivo interno que nos informa desde cedo que, sem amor, a vida não vale a pena ser vivida, e dá-lhe usar nosso poder de sedução para encontrar 'the big one', aquele que será inteligente, másculo, se importará com nossos sentimentos e não nos deixará na mão jamais... Uma tarefa que dá para ocupar uma vida, não é mesmo? Eu só conheço mulher louca. Pense em qualquer uma que você conhece e me diga se ela não tem ao menos três dessas qualificações: exagerada, dramática, verborrágica, maníaca, fantasiosa, apaixonada, delirante. Pois então. Também é louca. E  fascinante. Nossa insanidade tem nome: chama-se Vontade de Viver até a Ultima Gota. Só as cansadas é que se recusam a levantar da cadeira para ver quem está chamando lá fora. E santa, fica combinado, não existe. Uma mulher que só reze, que tenha desistido dos prazeres da inquietude, que não deseje mais nada? Você vai concordar comigo: só sendo louca de pedra."
Trecho da crônica. "Doidas e Santas"

A Tristeza permitida

Se eu disser pra você que hoje acordei triste, que foi difícil sair da cama, mesmo sabendo que o sol estava se exibindo lá fora e o céu convidava para a farra de viver, mesmo sabendo que havia muitas providências a tomar, acordei triste e tive preguiça de cumprir os rituais que normalmente faço sem nem prestar atenção no que estou sentindo, como tomar banho, colocar uma roupa, ir pró computador, sair para compras e reuniões - se eu disser que foi assim, o que você me diz? Se eu lhe disser que hoje não foi um dia como os outros, que não encontrei energia nem para sentir culpa pela minha letargia, que hoje levantei devagar e tarde e que não tive
vontade de nada, você vai reagir como?
Você vai dizer "te anima" e me recomendar um antidepressivo, ou vai dizer que tem gente vivendo coisas muito mais graves do que eu (mesmo desconhecendo a razão da minha tristeza), vai dizer para eu colocar uma roupa leve, ouvir uma música revigorante e voltar a ser aquela que sempre fui, velha de guerra.
Você vai fazer isso porque gosta de mim, mas também porque é mais um que não tolera a tristeza: nem a minha, nem a sua, nem a de ninguém. Tristeza é considerada
uma anomalia do humor, uma doença contagiosa, que é melhor eliminar desde o primeiro sintoma. Não sorriu hoje? Medicamento. Sentiu uma vontade de chorar à toa? Gravíssimo, telefone já para o seu psiquiatra. A verdade é que eu não acordei triste hoje, nem mesmo com uma suave melancolia, está tudo normal. Mas quando fico triste, também está tudo normal. Porque ficar triste é comum, é um sentimento tão legítimo quanto a alegria, é um registro da nossa sensibilidade, que ora gargalha em grupo, ora busca o silêncio e a solidão. Estar triste não é estar deprimido. Depressão é coisa muito mais séria, contínua e complexa. Estar triste é estar atento a si próprio, é estar desapontado com alguém, com vários ou consigo mesmo, é estar um pouco cansado de certas repetições, é descobrir-se frágil num dia qualquer, sem uma razão aparente - as razões têm essa mania de serem discretas.
"Eu não sei o que meu corpo abriga/ nestas noites quentes de verão/ e não importa que mil raios partam/ qualquer sentido vago de razão/ eu ando tão down..." Lembra da música? Cazuza ainda dizia, lá no meio dos versos, que pega mal sofrer. Pois é, pega mal. Melhor sair pra balada, melhor forçar um sorriso, melhor dizer que está tudo bem, melhor desamarrar a cara. "Não quero te ver triste assim", sussurrava Roberto Carlos em meio a outra música. Todos cantam a tristeza, mas poucos a enfrentam de fato. Os esforços não são para compreendê-la, e sim para disfarçá-la, sufocá-la, ela que, humilde, só quer usufruir do seu direito de existir, de assegurar o seu espaço nesta sociedade que exalta apenas o oba-oba e a  verborragia, e que desconfia de quem está calado demais. Claro que é melhor ser alegre que ser triste
(agora é Vinicius), mas melhor mesmo é ninguém privar você de sentir o que for. Em tempo: na maioria das vezes, é a gente mesmo que não se permite estar alguns degraus abaixo da euforia.
Tem dias que não estamos pra samba, pra rock, pra hip-hop, e nem por isso devemos buscar pílulas mágicas para camuflar nossa introspecção, nem aceitar convites para festas em que nada temos para brindar. Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de força e sabedoria, daqui a pouco a gente volta, a gente sempre volta, anunciando o fim de mais uma dor - até que venha a próxima, normais que somos.

(Crônica do livro, Doidas e Santas de Martha Medeiros)

Faxina Geral

Há muitas coisas boas em se mudar de casa ou apartamento. Em princípio, toda e qualquer mudança é um avanço, um passo à frente, uma ousadia que nos concedemos, nós que tememos tanto o desconhecido. Mudar de endereço, no entanto, traz um benefício extra. Você pode estar se mudando porque agora tem condições de morar melhor, ou, ao contrário, porque está sem condições de manter o que possui e necessita ir para um lugar menor. Em qualquer dos dois casos, de uma coisa ninguém escapa: é hora de jogar muita tralha fora. E, se avaliarmos a situação sem meter o coração no meio, chegaremos a um previsível diagnóstico: quase tudo que guardamos é tralha.
Começando pelo segundo caso, o de você estar indo para um lugar menor. Salve! Considere isso uma simplificação da vida, e não um passo atrás. Não haverá espaço para guardar todos os seus móveis e badulaques. Se você for muito sentimental, vai doer um pouquinho. Mas não é crime ser racional: olhe que oportunidade de ouro para desfazer-se daquela estante enorme que ocupa todo o corredor, e também daquela sala de jantar de oito lugares que você só usa em meia dúzia de ocasiões especiais, já que faz as refeições do dia-a-dia na copa. Para que tantas poltronas gordas, tanta mobília herdada, tantos quadros que, pensando bem, nem bonitos são? Xô! Leve com você apenas o que combina e cabe na sua nova etapa de vida. O que sobrar, venda, ou melhor ainda: doe. Você vai se sentir como se tivesse feito o regime das nove luas, a dieta do leite azedo, ou seja lá o que estiver na moda hoje para emagrecer.
No caso de você estar indo para um lugar maior, vale o mesmo. Aproveite a chance espetacular que a vida está lhe dando para exercitar o desapego. Para que iniciar vida nova com coisa velha? Ok, você foi a fundo de caixa e não sobrou nada para a decoração, compreende-se. Pois leve seu fogão, sua geladeira, sua cama, seu sofá e o imprescindível para não dormir no chão. Pra começar, isso basta. Coragem: é hora de passar adiante todas as roupas que você pensa que vai usar um dia, sabendo que não vai. Hora de botar no lixo todas as panelas sem cabo, os tapetes desfiados, as almofadas com rombos, os discos arranhados, as plantas semimortas, aquela lixeira medonha do banheiro, os copos trincados, os guias telefônicos de três anos atrás, todas as flores artificiais, as revistas empoeiradas que você coleciona, a máquina de escrever guardada no baú, o aquário vazio e o violão com duas cordas. Tudo isso e mais o que você esconde no armário da dependência de serviço. Vamos lá, seja homem.Caso você não esteja de mudança marcada, invente outra desculpa qualquer, mas livre-se você também da sua tralha. Poucas experiências são tão transcendentais como deixar nossas tranqueiras pra trás.
(Cronica do livro, Doidas e Santas de Martha Medeiros)

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Previsões para Fevereiro

"Na primeira semana de fevereiro, Sol e Saturno em bom aspecto estimulam decisões sérias e responsáveis de vida, que terão conseqüências de longo prazo"

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

ópio

Não quero medir
A altura do tombo
Nem passar agosto
Esperando setembro
Se bem me lembro
O melhor futuro
Este hoje, escuro
O maior desejo da boca
É o beijo
Eu nao quero ter o tejo
Me escorrendo das mãos...
(Ópio - Zeca Baleiro)